O Assassinato de Joann e Alex Katrinak

22/03/2024

Em 2019, o Innocence Project estimou que, só nos EUA, existem 2.3 a 5% de pessoas a cumprir pena de prisão que foram erradamente consideradas culpadas e sentenciadas. Ou seja, com cerca de 2.4 milhões de reclusos, poderão existir cerca de 120 mil pessoas inocentes atrás das grades.
São dados que nos fazem questionar alguns dos métodos das Autoridades e talvez este seja um desses casos. É longo e confuso mas vale a pena ler.

Faltavam apenas 10 dias para o Natal e Joann não podia estar mais entusiasmada. Era o primeiro Natal de Alex, o seu bebé de apenas 4 meses.

Joann e Alex Katrinak
Joann e Alex Katrinak

Joann O'Connor conheceu Andrew Katrinak quando tinha apenas 22 anos, em Abril de 1992.
Andrew tinha 37 anos quando foi arrebatado pela jovem. Apesar de não ter nos seus planos constituir Família e ser conhecido como um mulherengo, rendeu-se ao amor Joann.

Pouco após o primeiro encontro, Joann mudou-se para a casa de Andrew, o nr. 740 da Front Street, Catasauqua na Pensilvânia e, no dia 29 de Maio de 1993, o casal casou-se.

Andrew Katrinak nasceu na Pensilvânia no dia 20 de Setembro de 1954. Era o segundo de dois Filhos entre Veronica e Andrew Katrinak Senior.

Enquanto frequentou o liceu era conhecido como um jovem alto e encorpado, jogador de futebol americano e como sendo gentil e popular entre os pares.
Após terminar o secundário, mudou-se para San Diego, na Califórnia. Ali lutou boxe durante alguns anos, regressando a Lenigh Valley, no leste da Pensilvânia, uns anos depois. Abriu a sua própria empresa de construção, treinava uma equipa de boxe na Universidade de Lenigh e, a nível pessoal, trocava de parceira com frequência.

Teve várias relações amorosas mas nada de muito sério. As suas namoradas indicaram que, enquanto estiveram ao lado daquele homem, sentiram-se como princesas. Andy era uma das melhores pessoas com quem já se tinham cruzado.

Joann O'Connor, nasceu no dia 11 de Setembro de 1968 e era metade irlandesa, metade italiana. Era a caçula da Família tendo sido protegida tanto pelos seus Pais como pelos seus Irmãos mas, de acordo com a descrição que fizeram, Joann não precisava que ninguém a protegesse. Era uma jovem amorosa mas com mau temperamento.
Aos 22 anos já tinha sido casada e tinha tido várias relações sérias. A maior parte delas com homens mais velhos e, algumas delas, tendo sido abusivas.

Na altura dos acontecimentos, o casal enfrentava algumas dificuldades financeiras. Joann encontrava-se desempregada e Andy, apesar de ter a sua própria empresa, não era muito cuidadoso ou responsável com as economias.
Aliás, o contrato do seu telefone encontrava-se no nome de uma das suas ex-namoradas, sendo que o nome de Katrinak encontrava-se na lista negra daquelas empresas. A casa onde viviam pertencia aos Pais de Andrew pois nunca tinha tido condições de adquirir a sua própria habitação, fosse com capitais próprios ou através de crédito. Para mais, tinha ainda uma dívida ao Estado, com vários impostos por liquidar.
Porém, apesar de todas as dificuldades, o casal decidiu fazer crescer a Família. No dia 29 de Agosto de 1994, deram as boas-vindas a Alex Martin Katrinak.

No dia 15 de Dezembro de 1994, pelas 18h30, Andy chegou do seu trabalho como construtor por conta própria, a uma casa vazia. Sabia que Joann tinha feito planos para ir com a Mãe dele às compras de Natal e, por isso, não ficou preocupado. No entanto, pelas 20h00 e ainda na ausência de Joann e Alex, Andy contactou a sua Mãe para saber do paradeiro da Família. A Mãe informou que apesar do combinado, Joann não tinha aparecido para a ir buscar e que por isso não fazia ideia de onde estava a jovem. Tinha ligado para casa deles durante a tarde mas, quando Joann não atendeu, assumiu que tivesse mudado de ideias, não pensando mais no assunto.

Andy contactou vários amigos e familiares da esposa para saber do seu paradeiro mas ninguém tinha visto Joann naquele dia. Ligou para hospitais e até para a Polícia para saber se tinham existido acidentes de automóvel mas nada de Joann. Procurou pela casa vestígios do que pudesse ter-se passado, deparando-se com a porta da cave para o exterior aberta, ainda que o casal nunca usasse aquela entrada. Ficou preocupado contactando a linha de emergência de imediato.


Foram dois Agentes deslocados à residência da Família Katrinak reportando o desaparecimento de Joann e do pequeno Alex. Contudo, a preocupação do marido foi desvalorizada, sendo que a Polícia considerou vários cenários. O mais provável era que a jovem tinha seguido com a sua vida, abandonado o marido e levado o seu Filho com ela.
Esta teoria não fazia qualquer sentido para Andy nem para os seus Pais e muito menos para os Pais de Joann que sabiam o quanto a jovem era feliz e quanto o genro amava a Filhas deles. Inclusivamente, a Mãe de Joann, Sally, falou à Polícia acerca do ex-marido da sua Filha. Tratava-se de um homem agressivo, ciumento e bastante violento, pedindo-lhes que investigassem o homem em causa mas, uma vez mais, a Polícia ignorou.

Os Agentes permaneceram no local apenas por 18 minutos. No relatório não indicaram a questão da porta aberta nem de qualquer sinal de intrusão naquela residência, não tomando medidas para saber do paradeiro de Joann e Alex. Desta forma, foi a própria Família que reuniu esforços para encontrá-los. Andy permaneceu em casa a aguardar uma chamada de Joann ou o seu regresso, enquanto os seus Pais, Sogros e a irmã de Joann, Peggy, vagueavam pela cidade à procura de pistas.

Às 2h45 da manhã, Peggy contactou a Polícia. Informou ter encontrado o Toyota de Joann à porta de um pub, a menos de 45m de casa.
Os Pais de Joann, Sally e David O'Connor, bem como Andy, foram imediatamente ao seu encontro. Repararam que o banco do condutor estava demasiado puxado para trás. Tinham a certeza que Joann não tinha sido a última pessoa a conduzir a viatura, já que media apenas 1.62m. A jovem tinha sempre o banco puxado para a frente para conseguir chegar aos pedais.
A cadeira de Alex estava colocada como habitualmente e, com excepção do pormenor do banco, não existiam outras situações estranhas a reportar.

Todas estas informações foram facultadas à Polícia que tentou saber da jovem junto dos Clientes do bar mas sem qualquer sucesso. Depois de meia dúzia de perguntas, permitiram que Andy levasse o carro para casa mas o Marido recusou-se a entrar na viatura antes das equipas forenses fazerem as devidas investigações e recuperarem eventuais provas do interior do Toyota. Mas, outra vez, a Polícia desvalorizou o desaparecimento de Joann e do pequeno Alex, alegando que talvez tivesse fugido do marido ou mesmo que este tivesse feito mal à sua jovem Família.
Os Familiares de Joann estavam perplexos com a falta de consideração das autoridades mas não podiam fazer mais nada a não ser insistir que algo de muito mau se tinha passado para que Joann não tivesse regressado a casa.

Quando Andy voltou para a residência e tentou utilizar o telefone que tinham no quarto principal, reparou que a linha estava desligada. Horas antes tinha usado o telefone da cozinha que ainda se encontrava em funcionamento, portanto não percebia por que razão aquele não dava sinal de chamada. Foi novamente à arrecadação onde se deparou com o fio daquele telefone cortado. Mais uma vez, pouco depois das 5 da manhã, contactou a Polícia para descrever a sua descoberta. Os Agentes que tinham estado na casa na noite anterior, voltaram ao local e voltaram a fazer um relatório acerca da linha cortada mas não tomaram mais medidas.

O pânico estava instalado nos Familiares e, sendo que a Polícia tinha praticamente ignorado a situação, Peggy contactou o FBI a informar que a sua irmã e sobrinho tinham sido raptados. Uma hora depois, Sally O'Connor, Andrew Katrinak e a sua Mãe, Veronica Katrinak, foram à Esquadra exigir que todas as medidas fossem tomadas para encontrarem os seus Familiares. Tinham a certeza de que tinham sido raptados e, uma vez mais, indicaram o nome do ex-marido de Joann.

Um Agente fez um novo relatório de acordo com o testemunho de Andy.
Tinha saído da residência pelas 6h30 para trabalhar. Regressou cerca de 12 horas depois, não encontrando ninguém em casa. A porta da arrecadação estava aberta, apesar de nunca a usarem. O fio do telefone do quarto tinha sido cortado na cave da casa e o carro encontrava-se estranhamente estacionado a 45m de casa. O banco estava mais para trás do que o habitual.
Veronica também deu informações. Falou com a sua nora às 13h15 e fizeram planos para irem às compras durante a tarde. Joann, porém, não apareceu para ir buscar Veronica. Ligou-lhe novamente para a residência mas, como não obteve resposta, seguiu com o seu dia normalmente.O Agente visitou a casa dos Katrinak para investigar. Ao contrário dos seus colegas anteriores, reparou que a janela da cave tinha sido mexida, faltando-lhe vários parafusos. Calculou que, quem quer que tivesse invadido a casa, tentou entrar pela janela e, após verificar que a porta tinha uma fechadura fraca, arrombou-a invadindo o espaço por ali. Quando o Detective quis ver o fio do telefone cortado, Andy mostrou-o ainda que já o tivesse reparado. Não eram boas notícias para Andy. Quaisquer vestígios ou impressões digitais que ali estivessem, tinham sido eliminados pelo Marido. Ainda por cima, o Agente reparou que o fio do telefone que estava à mostra não se encontrava danificado. O eventual criminoso tinha cortado a linha que estava bastante escondida. Era pouco provável que alguém a encontrasse a não ser que soubesse que estava ali.

De seguida, dirigiram-se ao carro de Joann. A sua Família explicou novamente o que tinham achado de estranho no interior da viatura.
Andy referiu o ex-marido de Joann e contou que tinha sido avistada uma carrinha preta e que esta coincidia com o veículo que o ex-marido conduzia na altura. Para além disso, referiu ainda uma ex-namorada sua, Patricia Rorrer. No dia 12 de Dezembro, 3 dias antes do desaparecimento de Joann e Alex, Patricia tinha ligado para a residência para falar com Andrew. Foi Joann quem atendeu o telefone e, não gostando do contacto, pediu-lhe que não voltasse a incomodá-los.

O caso estava a chegar à imprensa e, enquanto os jornalistas pintavam Andy de forma empática, a Polícia estava cada vez mais desconfiada do seu comportamento. Parecia sempre demasiado calmo e despreocupado com a situação. Para mais, apesar dos Agentes ainda não saberem o que se tinha passado com Joann e Alex, Andy parecia já ter decifrado o caso. Apontava constantemente o dedo ao ex-marido de Joann ou à sua ex-namorada.

No dia 17 de Dezembro, a residência foi alvo de buscas por equipas forenses. Recolheram um martelo enferrujado e repararam em algumas manchas numa carpete, retirando amostras. Colheram impressões digitais e tiraram várias fotografias, principalmente da arrecadação. O Toyota de Joann foi igualmente alvo de verificação.

Andy Katrinak
Andy Katrinak
Joann Katrinak
Joann Katrinak

Andy Katrinak entretanto foi levado para a esquadra para prestar mais um depoimento. Voltou a contar os eventos daquele dia, contudo, deu algumas informações que fizeram com que a Polícia desconfiasse ainda mais do homem. 

Em primeiro lugar, não contactou a Polícia de imediato depois de falar com a sua Mãe e com os Familiares e Amigos de Joann. Em vez disso, ligou para Hospitais e também para a Polícia a fim de saber se tinham existido acidentes automóveis naquele dia. Só quando os Pais e Irmã de Joann foram ter com ele a casa é que Andy reportou o desaparecimento da Esposa.
Para mais, tinha arranjado a porta arrombada e a linha de telefone que tinha sido cortada antes das equipas forenses chegarem ao local.
Ainda a somar a isto, confidenciou ter voltado ao carro da esposa e ter-se sentado no interior, alegando estar à procura de pistas. 

Andrew Katrinak defendeu-se, argumentado que as suas atitudes tinham sido provocadas pela inércia da Polícia. Não achou problemático mexer nas áreas que pudessem ter vestígios dos raptores pois considerou que as Autoridades não fariam quaisquer perícias forenses.
Além disso, Andrew tinha um álibi. Naquela manhã, tinha saído para casa do seu melhor amigo. Tinha sido contratado para fazer um anexo naquela residência e não tinha saído do local nem para almoçar. O
seu Pai que trabalhava com Andy podia confirmar, bem como outros dois amigos que tinham estado sempre com ele.


As equipas forenses colectaram cabelos loiros da viatura de Joann. Podiam pertencer a Andy. Contudo, não conseguiram impressões digitais. Nem sequer de Andy que assumiu ter-se sentado no banco do carro.

Andrew Katrinak foi sujeito a um teste de polígrafo mas não conseguiu passar. A Polícia convidou-o a fazer novamente o mesmo teste mas, mais uma vez, o homem chumbou. Foram-lhe lidos os seus direitos pois, a partir daquele momento, passou a ser o principal e único suspeito responsável pelo desaparecimento da sua esposa e filho. Até porque, o ex-marido de Joann, já tinha entrado em contacto com a Polícia alegando não saber de Joann há, pelo menos, 3 anos. Alegou não saber que estava novamente casada e que tinha um Filho. O homem forneceu um álibi e foi eliminado como suspeito.

Os amigos de Joann também deram os seus testemunhos à Polícia. Descreveram a jovem como estando a passar por algumas dificuldades financeiras para além da dificuldade em adaptar-se à nova realidade de ser Mãe. Tinha sido sempre uma mulher que gostava de festas mas, no último ano, tinha engravidado e tinha sido mãe de um bebé, portanto, os seus velhos hábitos tinham ficado no passado. Confidenciaram também que estava a passar por um mau bocado no que respeitava à sua Família. Descrevia os seus Pais e Peggy como sendo opressores mas, quem mais a irritava, era mesmo a sua sogra Veronica. Principalmente desde o nascimento de Alex. Veronica não a deixava em paz metendo o bedelho em tudo o que estava relacionado com o bebé.

Enquanto a sua Família e a de Andy insistiam que o ex-marido de Joann era o envolvido no desaparecimento da jovem, os amigos e ex-colegas apontavam o dedo ao seu marido. Alegaram que quando visitaram a casa para prestar apoio a Andy, este encontrava-se a ver um jogo de futebol na televisão, mostrando-se irritado por terem interrompido o seu descanso.

A Polícia tinha o suspeito debaixo de olho, no entanto, não tinham a certeza da existência de um crime. Mas as inconsistências e suspeitas acumulavam-se em Andy. Disse ter chegado a casa pelas 18h30 e outras vezes pelas 18h00. O seu Pai deu-lhe um álibi até às 18h30 mas Veronica informou a Polícia que o marido tinha chegado a casa pelas 15h30. Eram demasiadas incoerências.

Andy tinha mexido em todas as zonas onde eventualmente pudessem existir vestígios de um crime, o seu comportamento não coincidia com um Pai e Marido em sofrimento e, para além de tudo isto, ainda tinha chumbado duas vezes no polígrafo.

Entretanto, lembrou-se de outro possível suspeito. Tratava-se de um companheiro de Patricia, a sua ex-namorada, que já o tinha ameaçado de morte por ter interferido na relação dos dois. Patty, como era conhecida entre os seus amigos, tinha sido espancada pelo namorado e tinha contactado Andy para que fosse em seu auxílio. Tinha os dois olhos negros e um ferimento na cabeça e Andy tinha-a levado ao Hospital, fornecido um telefone para que pudesse contactar a sua Mãe e até acompanhou a jovem à Esquadra da Polícia para apresentar queixa contra o companheiro. O homem foi eventualmente preso mas não sem antes ameaçar Andy de vingança.

Foi no dia 9 de Abril de 1995 que foi feita uma terrível descoberta. Tinham-se passado 4 meses desde o desaparecimento de Joann e Alex. 

Um agricultor que passeava numa zona de mato denso com poucos acessos, descobriu 2 cadáveres. Encontrava-se a 60m da estrada e 24km de Catasaqua.

Descoberta de Joann e Alex
Descoberta de Joann e Alex

Joann Katrinak encontrava-se deitada de barriga para cima com o bebé sobre o seu peito. No pescoço, a jovem tinha um bocado de uma unha com carne e sangue agarrados e, numa das mãos, tinha alguns cabelos. Debaixo do seu cadáver existia uma pulseira de ouro partida, um bocado de fita adesiva cinzenta e a beata de um cigarro.
Não existiam pegadas ou impressões digitais mas as equipas encontraram mais cabelos, um deles sendo loiro e comprido, semelhante aos encontrados no carro de Joann.

A jovem tinha sido alvejada na cara com uma arma de calibre 22 e apresentava, pelo menos, 19 ferimentos na cabeça. Os ferimentos de defesa que tinha no corpo eram sinal de que tinha lutado arduamente pela sua vida e pela do seu Filho. Uma das suas pernas estava roxa e um dos dedos médios encontrava-se fracturado. Não existiam sinais de violação nem quaisquer fluídos corporais.

Alex não apresentava ferimentos. A sua morte foi considerada por sufocamento ou por ter sido deixado ao abandono ainda vivo.

Do local, as Autoridades recolheram dezenas de cabelos mas as equipas estavam interessadas apenas em meia dúzia. Primeiro, os loiros semelhantes aos encontrados dentro do carro e os que a vítima tinha na mão. Estes eram castanhos claros mas mais escuros nas raízes, indicando que podia tratar-se de alguém que pintava o cabelo. 

Sendo que, nos anos 90, era raro o homem que pintava o cabelo, concluíram que provavelmente pertenciam a uma mulher.
Amigos, Familiares e Andy forneceram amostras dos seus cabelos mas nenhum deles correspondia aos encontrados nas vítimas.

A Polícia tentou perceber se Joann tinha alguma relação com aquela zona mas, conforme testemunhos da Família, não havia nenhuma conexão. Já Andy, levado pela Polícia ao local, lembrou-se que conhecia alguém que tinha trabalhado numa cavalariça naquela área. Tratava-se de Patricia Rorrer, a sua ex-namorada. A mesma que Andy tinha ajudado após ser espancada pelo namorado e a mesma que tinha ligado para a sua residência uns dias antes do desaparecimento da sua Família e que tinha irritado Joann.
Segundo o que Andy contou, a relação entre ambos tinha acabado 5 anos antes mas, cada vez que Patty se sentia mais em baixo, contactava Andy para apoio moral.


A Polícia já tinha investigado o nome Patricia Rorrer. Descobriram que vivia na Carolina do Norte há vários anos, a mais de 800km de distância dos Katrinak. Na altura, as Autoridades ligaram para a sua residência tendo falado com a Mãe de Patty. A mulher confirmou que a Filha tinha estado com ela no dia 15 de Dezembro, data do desaparecimento de Joann e Alex. Para mais, Patty nem sequer conhecia Joann e, por isso, foi imediatamente descartada como suspeita.

Ao ser questionada acerca da personalidade de Andy, a Mãe de Patty contou que podia zangar-se com uma certa facilidade mas que, no geral, era um bom homem. Tinha vivido com a sua Filha cerca de 5 anos e, quando a relação terminou, mantiveram o contacto e a amizade. Contudo, após o último telefonema feito para Andrew, e dada a atitude de Joann, Patty tinha decidido cortar totalmente a ligação com o ex-namorado.
Acrescentou ainda que, na altura em que estiveram envolvidos, Patty deixou de tomar a pílula mas nunca engravidou. Chegaram a desconfiar da infertilidade de Andrew e que, por isso, talvez Alex nem sequer fosse seu Filho biológico.
Era apenas um pensamento da Mãe de Patty mas, dadas as circunstâncias, era mais uma bomba que não favorecia o agora viúvo.


Patricia Rorrer
Patricia Rorrer

Patricia Rorrer nasceu no dia 24 de Janeiro de 1964, em Phillipsburg, New Jersey. Era a Filha mais nova de Robert Rorrer e Patricia Celia Mills. Ambos já tinham sido casados e tinham Filhos das relações anteriores, sendo Patricia a única filha em comum do casal. Não tinha muito contacto com os seus irmãos mais velhos e tinha sido criada numa enorme quinta em Whitehouse Station, New Jersey. Foi ali que aprendeu a gostar de cavalos, uma paixão que a acompanhou para o resto da vida.

Quando tinha 14 anos, os seus Pais decidiram abandonar a vida da quinta mudando-se para um subúrbio na Carolina do Norte. Patty não ficou contente com a mudança. Não estava habituada àquele quotidiano e a mudança obrigava-a a estar longe da sua paixão, os cavalos.
Um ano depois, o seu Pai foi diagnosticado com um cancro galopante, morrendo quase de imediato. Esposa e Filha ficaram num estado emocional e financeiro bastante frágil. Patty viu-se assim obrigada a começar a trabalhar, enquanto estudava à noite, de forma a ajudar a sua Mãe a pagar as contas.

Foi na escola que conheceu Gary, um paisagista de 25 anos, casando-se assim que fez os 18 anos. A relação foi tumultuosa e os vizinhos do casal viam-se obrigados a chamar a Polícia cada vez que ouviam as discussões entre ambos.
Apesar disto, no dia 19 de Agosto de 1982, Patty deu à luz Charles. O bebé trouxe ainda mais stress para a relação. 

No dia 2 de Novembro de 1982, com apenas 3 meses e meio, o pequeno Charles morreu. A sua morte foi considerada síndrome de morte súbita.
O casamento curto e frágil entre Patty e Gary terminou imediatamente. 

À procura de um recomeço, a jovem mudou-se para casa dos seus Tios em New Jersey. Trabalhava a vender seguros e durante os fins de semana, ajudava os tios na loja de sandes do casal. Foi aqui que, em 1983, conheceu Andrew Katrinak.

Apesar de Andy ser 10 anos mais velho que Patty, fizeram faísca de imediato. Pouco depois, o jovem casal estava a viver num duplex em Bethlehem na Pensilvânia.

Patricia Rorrer
Patricia Rorrer

O casal estava a prosperar.
Patty, com condições de perseguir o seu sonho, encontrou um estábulo em Heidelberg e dedicou-se novamente ao seu trabalho com cavalos.
Para mais, encontraram uma casa para reabilitar. Mas, sendo o crédito de Andy bastante duvidoso, adquiriram a residência apenas no nome de Patricia. Depois disto, a Mãe de Patty mergulhou novamente em dificuldades financeiras, passando a ser também Patricia a liquidar as prestações da casa da sua Mãe.

Estas situações criaram um grande stress entre o casal e, a acrescentar, Patricia permanecia muito pouco tempo em casa, dedicando os seus dias ao trabalho com os cavalos. 

Andy e Patty passaram de um casal apaixonado a simples colegas de casa. Pouco depois, concordaram em cada um seguir o seu próprio caminho, sem quaisquer dramas. Inclusive mantiveram o contacto e a amizade.

Patty voltou para a Carolina do Norte para viver com a sua Mãe e Andy permaneceu na casa a efectuar os pagamentos das prestações até terminar os restauros. Combinaram que, após os trabalhos concluídos, venderiam a casa e dividiriam o lucro. 

Patty depressa descobriu que Andy, sempre atafulhado com dívidas, tinha deixado de pagar o crédito da casa, tendo em atraso mais de 5 mil dólares. Foi Patty que resolveu o assunto arcando com os valores em dívida referentes à moradia. Andy, eventualmente, saiu da casa e mudou-se para o nr. 740 de Front Street, Catasauqua, uma propriedade pertencente à sua Família.

Apesar de todos os problemas, Patty gostava de Andy e sabia que, apesar de todos os contratempos, era um bom homem. Ainda tentaram reatar a relação, fazendo planos para Andy mudar-se para a Carolina do Norte. Porém, a mulher decidiu terminar o relacionamento de vez. Considerou que funcionavam melhor como amigos, mantendo assim contacto frequente e camaradagem.


Em 1993, Patricia teve conhecimento que Andy ia ser Pai. Ficou feliz pelo amigo de longa data mas, ainda assim, não conseguiu evitar uma ponta de inveja. Entretanto conheceu um homem com quem iniciou uma relação amorosa e os seus pensamentos raramente iam parar ao ex-companheiro e à sua nova vida. Mas Patty não acertou na sua escolha. Envolveu-se com um homem alcoólico, viciado em cocaína e com cadastro criminal. Tratava-se de uma relação abusiva que, muitas vezes, acabava com violência entre ambos e com as Autoridades a baterem-lhes à porta.

Quando finalmente Patty conseguiu ver-se livre desta relação, uma vez mais, tentou endireitar  sua vida. Começou novamente a trabalhar com cavalos e iniciou um negócio de fotografia. 

Eventualmente, foi acusada de crueldade animal. Um dos seus cavalos estava mal nutrido, sendo que Patty alegou que o animal encontrava-se doente e que se recusava a comer. As acusações acabaram por cair, não havendo lugar a qualquer sentença. Ainda assim,  o juiz obrigou Patricia a guardar as facturas das rações dos animais para que as pudesse apresentar sempre que as solicitassem.

Mais tarde, juntamente com o ex-namorado abusador, tentaram leiloar cavalos que não lhes pertenciam. Foram apanhados no esquema fraudulento e, uma vez mais, Patty viu-se com um processo em Tribunal. As acusações contra si acabaram por ser retiradas quando concordou em cooperar com a justiça incriminando apenas o ex-companheiro.

Durante essa mesma semana, Patricia Rorrer recebeu uma carta do Tribunal. Desta vez, tratavam-se de queixas referentes a abandono de animais. A audiência foi marcada para o dia 12 de Dezembro de 1994.
Foi na data em que abriu esta correspondência que ligou para a casa de Andy. Foi neste telefonema que Joann se zangou, lhe disse que Andy era um homem comprometido, um homem de Família e que aqueles contactos tinham que terminar ali. Joann, de seguida, desligou o telefone na cara de Patricia.

O FBI voltou a seguir a pista de Patricia. Falaram com amigos e familiares que insinuaram que a mulher podia estar envolvida nos homicídios de Joann e de Alex. Acrescentaram ainda que também podia também ter sido responsável pela morte do seu Filho, Charles.

Foi no dia 27 de Abril de 1995, que o FBI lhe bateu à porta. Queriam o seu depoimento acerca dos seus movimentos no dia do desaparecimento dos Katrinak. Patty mostrou-se defensiva e evasiva. Não quis cooperar com as Autoridades e não deu autorização para que entrassem na sua residência.

Eventualmente, acabou por concordar com uma entrevista, ficando agendada para o dia 5 de Maio de 1995. Tinha apenas a condição da sua Mãe ter que estar presente. 

Nesta data, confirmou ter trabalhado nos estábulos perto do local onde os cadáveres de Joann e Alex foram encontrados. Porém, recusou-se a admitir conhecer aquela zona específica. 

Estas declarações foram rapidamente desmentidas. Uma aluna de Patty confirmou ter ido, várias vezes, para aquele local, conduzida por Patty.

Quando as Autoridades entrevistaram o seu ex-namorado obtiveram muitas novidades.
O
homem confirmou que Patricia tinha adquirido uma arma de calibre 22 numa venda de garagem. Informou ainda que, enquanto viveram juntos, treinavam tiro no quintal da casa onde viviam mas que a arma era praticamente inútil. Após o primeiro disparo ficava encravada e, só voltava a disparar, após ser limpa. Na altura em que se separaram, a arma tinha ficado na posse de Patricia. Aliás, a última vez que o homem tinha visto aquela arma, tinha sido durante a última discussão do casal. Patty tinha-a na mão, encostada à cabeça do namorado, enquanto o ameaçava disparar.

Mais um testemunho contraditório às informações de Patty que tinha garantido não ter nenhuma arma e nem sequer saber trabalhar com uma.

Joann tinha sido alvejada apenas uma vez, debaixo de um olho. Depois disso, o assassino tinha espancado a jovem com, pelo menos, 19 golpes na cabeça. Tinham sido esses ferimentos a causa da sua morte.

As Autoridades consideraram que, o facto da arma encravar após o primeiro tiro, podia explicar a forma como Joann foi morta. Não tendo morrido com o disparo, houve a necessidade de lhe bater até perder a vida.

Em relação aos cabelos encontrados na mão de Joann, a jovem alegou nunca ter pintado o seu cabelo de loiro. Porém, a Polícia descobriu uma foto sua, datada de Dezembro de 1994, em que estava loira com as raízes escuras. Tinha sido tirada 11 dias antes do desaparecimento de Joann e Alex.

Patricia Rorrer
Patricia Rorrer

Existiam algumas especificidades no caso que apontavam para a culpa de Patricia Rorrer. No entanto, tratavam-se de provas circunstanciais.
No início da década de 90, os testes de ADN eram ainda rudimentares, sendo que os exames feitos aos cabelos encontrados, não confirmavam que Patty era a responsável pelos crimes. Não confirmavam nem a sua culpa, nem a sua inocência.

Passaram-se 2 anos e meio sem quaisquer certezas. Existia apenas uma nuvem de suspeição acerca das mortes de Joann e Alex Katrinak.

Paralelamente, os teste de ADN iam sofrendo alguns avanços. Finalmente, em 1996, os testes de ADN mitocondrial foram utilizados, pela primeira vez, na Pensilvânia. A probabilidade dos cabelos pertencerem a Patricia Rorrer era de 1 para 37 mil.

As autoridades consideraram então terem o suficiente para levar Patty à justiça.
No dia 24 de Junho de 1997, Patricia Rorrer foi detida. Era então Mãe de uma menina de 18 meses e mantinha uma relação, de longa data, com um jovem 10 anos mais novo que ela. Tratava-se de um marinheiro na reserva.

Enquanto o Sargento que deteve Patty, aguardava que esta trocasse de roupa para ser levada para a Esquadra, ouviu-a sussurrar, a falar com a sua Filha bebé. Disse-lhe que, se soubesse que ia ser detida, jamais a teria trazido para este mundo.

Nesse mesmo dia, a Polícia deu uma conferência de imprensa a informar que o caso da morte do bebé Charles ia ser reaberto, porém, as investigações não foram conclusivas acerca da razão da sua morte.

O Julgamento de Patricia Rorrer começou no dia 2 de Fevereiro de 1998, no Tribunal de Lenigh, em Allentow, Pennsylvania. 


O
Advogado de acusação, Michael Mcintyre, era conhecido pela sua ferocidade e por não gostar de perder. Começou por explicar que, apesar de se tratar de um caso circunstancial, a investigação tinha sido metódica. As autoridades foram eliminando suspeitos, um a um, até sobrar Rorrer.
Declarou que, provavelmente, a Defesa ia apontar o dedo a Andrew Katrinak. Porém, o viúvo encontrava-se inocente. As provas recolhidas apontavam para a sua inocência e para a culpa de Patricia.
Explicou tudo o que a Polícia tinha reunido. Nomeadamente, o facto do banco do Toyota estar puxado para trás. Estava colocado de forma a acomodar uma pessoa com cerca de 1.80m de altura que era o caso de Patricia. Era a única pessoa que tinha motivo para matar Joann e o seu bebé.
Obviamente que o facto de Joann lhe ter gritado e desligado o telefone não era motivo suficiente. Porém, Patricia Rorrer não era uma pessoa normal. Bastava analisar o seu passado para chegar a essa conclusão.
Para além disso, Patricia tinha mentido várias vezes às Autoridades. Se se tratasse de uma pessoa inocente, não havia necessidade de tentar ludibriar a investigação.


Já a Defesa pediu aos jurados que usassem o seu senso comum. O facto de lhe terem desligado o telefone, não era motivo para assassinar uma mulher e o seu Filho. Patricia, para isso, tinha que ter percorrido cerca de 800km até à casa dos Katrinak, assassinado
Joann e Alex, ter depositado os seus cadáveres na mata e ter feito mais 800km até casa. Estas acções tinham demorado, pelo menos, cerca de 9 horas. Não fazia qualquer sentido. Para além disso, a sua Mãe tinha-lhe dado um álibi.
Para mais, as provas forenses apresentadas em tribunal eram técnicas novas e, por isso, não eram completamente viáveis. E, além disso, as Autoridades não tinha sido metódicas, ao contrário das informações da Acusação. Um dos especialistas recolheu provas forenses junto aos cadáveres, sem luvas, contaminando algumas das provas. As equipas tinham sido pouco responsáveis e a Polícia tinha tido visão em túnel focando-se única e exclusivamente em Patricia Rorrer.

As primeiras 5 testemunhas do Estado foram Andrew Katrinak, os seus Pais, a sua irmã Peggy e a Mãe de Joann. Existiram algumas contradições entre os 5 e, para além disso, algumas das suas declarações não coincidiam com os relatórios da Polícia.
No entanto, a Defesa não contra-interrogou nenhuma destas testemunhas acerca destas inconsistências.


O
Advogado de Patricia tentou apontar o dedo a outra ex-namorada de Andrew. O homem tinha mantido uma relação com Donna antes de conhecer Joann, admitindo ter sido infiel a Patty com esta mulher. Talvez Donna tivesse ficado ferida com o término da relação e tivesse perdido a cabeça. Para mais, tratava-se de uma mulher de cabelos loiros e residia a cerca de 6 km da casa do casal.
Mas Andrew explicou que Joann conhecia Donna e que ambas se davam bem. A ex-namorada até tinha visitado a residência dos Katrinak por algumas vezes para deixar prendas para Alex. Jamais faria mal a Joann ou ao seu bebé. Para mais, a relação não tinha tido significado para nenhum deles. Tinha sido um envolvimento pouco sério.

Em tribunal, o comportamento de Andy continuava a chamar a atenção dos presentes. Foi visto várias vezes a sorrir, a trocar piadas e até a flirtar com Patricia e Donna.
Na verdade, apesar das alegações de que a relação com Donna não tinha sido séria, o casal tinha casado entretanto.

Em relação à arma de Patty, nunca foi descoberta. A Polícia conseguiu recuperar alguns invólucros do seu quintal onde costumava treinar, no entanto, nenhum deles correspondia à bala encontrada em Joann.


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Dr. Jenkins, responsável pela avaliação dos cabelos encontrados no local, foi também chamado a depor. Também ele entrou em contradição. Assumiu ter contaminado algumas das provas e declarou não ter avaliado outras, nomeadamente, a unha encontrada no pescoço de Joann. Para mais, não era especialista na verificação de cabelos humanos pois, a formação que tinha, datava da década de 70. Tratava-se de um homem completamente desactualizado.
No entanto, apesar destes factores, a Defesa não os usou a seu favor, tratando sempre o homem como "Especialista".

Notou-se a fraca Defesa de Patricia Rorrer. Todas as contradições das testemunhas podiam ter sido utilizadas para enfraquecer os depoimentos, porém, estes pequenos grandes pormenores foram ignorados pela equipa.


A Acusação chamou Patricia Celia, a Mãe de Patty, a depor.
Foi confrontada com o facto de, uns dias após o crime, ter passado pela casa da sua Filha mais velha a pedir-lhe que guardasse um revólver. A mulher explicou que, naquele dia, saiu de casa com o revólver na carteira. No entanto, como conduzia um autocarro escolar, achou não ser seguro e, como a casa da Filha ficava em caminho, pediu-lhe esse favor.
No entanto, a sua Filha contou outra versão. Declarou que a sua Mãe tinha-lhe batido à porta a pedir-lhe que guardasse aquela arma num sítio seguro. Estava ligada a um homicídio e as autoridades andavam em busca da arma do crime. Com medo, enterrou o revólver no seu quintal durante uns dias e, quando a sua Mãe voltou para buscar o revólver, atirou-o para um lago.
A arma, porém, nunca foi descoberta.

Foi a vez de Patricia Rorrer subir ao banco das testemunhas.

Ao contrário das alegações da Acusação e Autoridades, a chamada entre Patty e Joann não datava de 12 de Dezembro. Patty ligou para a residência no dia 7 de Dezembro. O facto ficou provado através dos registos telefónicos.
Ficou também sublinhada a probabilidade de Patty não ter saído da Carolina do Norte na altura do desaparecimento e assassinatos de Joann e Alex. Na data em que desaparecera, Patty tinha estado numa aula de dança.
Além disso, os registos telefónicos da altura, gravavam apenas as chamadas entre Estados. Nos dias antes e após o desaparecimento da Família Katrinak, o telefone de Patty não registou qualquer chamada interestadual. Este facto podia demonstrar que a suspeita não tinha saído da sua zona de residência.
Para mais, os agentes que entrevistaram Patty após o desaparecimento, confirmaram que a mulher tinha as unhas intactas à data. Ou seja, a unha encontrada no pescoço de Joann não era, provavelmente, de Patricia Rorrer.

Além de tudo isto, caso se tratasse de um crime de atracção fatal, tinha feito sentido que Patricia tivesse investido na relação com Andrew. No entanto, a mulher manteve a relação com o jovem com quem estava na altura.

A Defesa tinha apenas que semear a dúvida nos jurados. Não tinha, propriamente, que provar a inocência de Patricia Rorrer.

Patricia Rorrer
Patricia Rorrer

A Acusação, na argumentação final do Julgamento, relembrou os jurados de todas as razões que Patty tinha para matar aquelas vítimas.
Tinha 30 anos, ou seja, já considerada velha para casar e ser Mãe. A inveja e ciúme apoderaram-se da mulher. A cobiça pela via de Joann levou-a a cometer aqueles assassinatos.
Além disso, o facto de se ter livrado da arma era sinal da sua culpa. Talvez ainda pior do que se tivesse mantido o revólver na sua posse.


Defesa e Acusação chamaram as suas próprias testemunhas, totalizando mais 100 pessoas. O julgamento durou mais de um mês, terminando em Março de 1998.
Após menos de 2 horas de deliberação, os jurados reentraram na sala do Tribunal com o veredicto. Patricia Rorrer foi considerada culpada pelos homicídios de Joann e Alex Katrinak.
A acusação pediu pena de morte mas o Tribunal condenou Patty a 2 prisões perpétuas.

Patricia Rorrer apelou, solicitando novas avaliações às provas encontradas no local do crime.
Em 2007, finalmente, os seus pedidos foram ouvidos. A unha encontrada no pescoço de Joann, a beata encontrada debaixo do seu cadáver e os cabelos retirados da sua mão, foram novamente avaliados. Não foram encontrados vestígios de ADN em nenhum destes indícios. Porém, um dos cabelos que ainda tinha raiz, coincidiu com os de Patricia.

Algumas entidades independentes juntaram-se para investigar o caso. Alegaram que o Dr. Jenkins, uma vez mais, trocou as mostras de cabelo. O cabelo avaliado em 2007, era uma amostra recolhida de Patty e não a encontrada no local do crime.


Em 2015, o FBI fez um estudo acerca dos testes mitocondriais realizados em cabelos. Concluíram que, em 96% dos casos, os resultados eram duvidosos e até enganosos. À data, existiam mais de 200 pessoas a cumprir pena, condenados através daquele tipo de teste.

Após a sentença de Patricia Rorrer, existiram outros dados que vieram a público.

Duas testemunhas distintas, afirmaram terem visto Joann e Alex, no dia do desaparecimento, acompanhados de um homem. Joann parecia estar sob stress.

Um médico legista afirmou ser impossível que os corpos estivessem estado, na zona onde foram descobertos, durante todo aquele tempo. Não podiam ter morrido em Dezembro, pois a decomposição que apresentavam em Abril, não era coincidente. Para mais, Alex apresentava peso, altura e diâmetro craniano de um bebé de 6 meses. No entanto, à data do seu desaparecimento, o bebé tinha apenas 4 meses de vida. As datas não coincidiam e o médico defendia que Joann e Alex foram assassinados bastante depois do seu desaparecimento.

Alguns investigadores particulares consideraram muito pouco provável que Patricia tivesse conseguido desaparafusar a maior parte da janela da cave. Para isso, teria que ter uma ferramenta própria que, após rusgas aos seus pertences, nunca encontraram.


"Exatamente uma semana depois do desaparecimento de Joann e Alex, o FBI entrevistou-me na casa da minha mãe. com o único propósito de construir um caso mais forte contra Andy, o seu principal suspeito na época. Durante a entrevista, os agentes do FBI notaram que eu não tinha cortes, arranhões ou hematomas nas mãos ou no rosto, como seria de esperar se eu tivesse estado numa luta de vida ou morte apenas uma semana antes. Quando encontraram Joann e Alex numa área arborizada em 9 de abril de 1995. Joann foi baleada no rosto e espancada. Ela lutou pela sua vida e tinha ferimentos defensivos, incluindo o nariz partido e um dedo partido. Outra coisa nunca apresentada no julgamento foi o facto de terem encontrado pétalas de flores nas solas dos sapatos de Joann. Onde se colhem pétalas de flores no auge do inverno na Pensilvânica? Eu suspeito que sei. Andy também falhou em pelo menos dois testes de detector de mentiras e, antes de existir uma detenção pelos assassinatos, atravessou quase todo o país sem avisar a polícia. A sério? Enquanto a polícia ainda investigava o assassinato de sua esposa e filho? E quanto ao melhor amigo de Joann, que disse ao produtor de Wrong Man que Joann estava a economizar dinheiro e a planear deixar Andy logo após as férias? Por que razão a polícia não investigou essas coisas? Eu morava a mais de 800 quilómetros de distância, estava noiva e prestes a casar-me, era mãe pela primeira vez e de repente fui presa por assassinar duas pessoas que nunca conheci? Sou inocente destes crimes e não devia ter perdido os melhores anos da minha vida numa cela da prisão."
Patricia Rorrer


Site dedicado ao caso e à inocência de Patricia Rorrer:
https://patriciarorrer.com/


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