O Homicídio da Família List

01/03/2024

Eram uma Família profundamente religiosa e abonada. Viviam numa mansão de 19 quartos em Westfield, Nova Jersey, EUA, a cerca de 8 km de Nova Iorque.

O Patriarca, John, na altura com 46 anos, aparentemente, triunfava enquanto contabilista e sustentava a sua Esposa, os 3 Filhos adolescentes e a sua Mãe que residia com a Família. Conhecido como introvertido e de falas mansas, List era um cavalheiro para quem se cruzasse com ele. Aliás, toda a Família era encantadora. Até que um deles, um dia, mostrou a sua verdadeira natureza.

Patty e John Jr. / John, Helena e Frederick List
Patty e John Jr. / John, Helena e Frederick List

John Emil List nasceu em 1925 no Michigan. Filho único de um rígido casal descendente de alemães, List descreveu a sua infância como tranquila. O Pai de John, um homem dedicado e trabalhador, valorizava a autossuficiência enquanto educava o seu Filho a ser um bom cristão.

Após graduar-se, List prestou serviço durante a II Guerra Mundial, tendo combatido na Alemanha Nazi durante as últimas semanas da guerra.

Após regressar ao seu País, em 1946, John frequentou a faculdade tendo-se licenciado em Gestão de Negócios e mudou-se para Virgínia. Foi aí, em Setembro de 1951, que conheceu uma viúva de 25 anos, Helen Taylor. Devido a uma suposta gravidez de Helen, três meses depois de se conhecerem, o casal deu o nó em Baltimore, Maryland.

Só depois do casamento, List teve conhecimento que a viúva o tinha forçado a casar-se devido à hipotética gravidez. Ainda assim, e evitando a todo o custo o confronto com Helen, John tentou manter a união do casal engravidando realmente a sua Esposa em 1955.

No espaço de 4 anos tiveram 3 Filhos e a pressão para o sucesso de John intensificou-se. Mudou de trabalho com alguma frequência, alterando, como consequência, a residência da Família.

List tinha uma boa performance nos empregos mas havia algo na sua personalidade.

Foi contratado pelo primeiro Banco Nacional de Nova Jersey como vice-presidente. A sua carreira, finalmente, arrancou.

Por pressão da Esposa e, ainda que contrariado, List acabou por adquirir a mansão em Westville, Nova Jersey.

Pediu dinheiro emprestado à sua Mãe, convidou-a para viver com a Família e fez a aquisição.

Os problemas entre o casal, com o casamento já abalado, aumentaram, principalmente, devido à presença de Alma List, Mãe de John.

Os constrangimentos de John e as imposições da Família acumulavam-se.

No trabalho, List, mais uma vez, não foi capaz de se integrar. Após 1 ano a co-presidir o Banco, em 1966, foi demitido.

O seu orgulho, porém, impediu-o de dar a notícia à Família. John continuou a vestir o seu fato, a sair de casa no seu carro e a apanhar o comboio para o seu antigo local de trabalho.

Durante os 5 anos que se seguiram, List passou por vários empregos não tendo conseguido alcançar o sucesso em nenhum deles. No entanto, a sua Família estava convencida que continuava a ser vice-presidente do Banco, para o qual tinha sido convidado. O seu ressentimento aumentava em relação à sua Mãe rigorosa, à sua Esposa que, anos antes, o tinha iludido com uma falsa gravidez e em relação aos seus Filhos que considerava, por esta altura, não mais que um fardo.

Residência da Família List
Residência da Família List
Helen e John List
Helen e John List

Em Novembro de 1971, a Família List estava em total ruína financeira. John começou portanto a avaliar as suas opções. Considerou o suicídio mas, sendo um homem extremamente religioso, logo o colocou de parte. Ponderou a sua fuga, deixando a Família à mercê da sua pouca sorte. Mas, para John, a pobreza era um pecado e jamais subjugaria os seus Filhos, Esposa e Mãe a esse peso. Não encontrando outras opções válidas, John tomou a sua decisão.

No dia 9 de Novembro de 1971, a Família List acordou para mais um dia normal. Os adolescentes tomaram o pequeno-almoço como habitual, enquanto o Pai os observava. Saíram depois para a Escola.

List foi à garagem, preparou a arma e voltou a entrar na mansão. Aguardou que a sua Esposa entrasse na cozinha. Trocaram poucas palavras. List então, saiu do compartimento, foi até à porta de entrada mas voltou para trás. Voltou a entrar na cozinha e atingiu Helen com um tiro da sua arma de 9 mm.

Subiu as escadas até ao terceiro andar. A Mãe de John estava a iniciar o seu pequeno almoço. Alma deu-lhe os bons dias seguidos de um beijo. Perguntou-lhe que tipo de barulho era o que tinha ouvido. John List atingiu-a pelas costas.

Voltou para o andar de baixo e limpou o sangue de Helen da cozinha antes que os seus Filhos voltassem da Escola. Arrastou o cadáver para uma das salas da mansão. Foi então que se sentou à secretária e escreveu uma carta para a Escola dos Filhos a informar que iriam estar ausentes durante algumas semanas.

Deslocou-se ao Banco e levantou 2.000 dólares de uma conta conjunta com a sua Mãe. Em seguida foi ao posto dos correios e enviou a carta para a Escola. Chegando a casa, fez uma sandes e aguardou serenamente que os seus Filhos regressassem da aulas.

Com a sua Esposa e Mãe inanimadas na casa, List não hesitou em avançar com a sua "solução".

Patty foi a primeira a chegar a casa. Assim que entrou, John, por trás, baleou-a na cabeça. Colocou o seu cadáver dentro dum saco-cama ao lado de Helen.

Frederick, o mais novo, entrou em casa e, sem demoras, levou um tiro na cabeça. Foi colocado num saco-cama ao lado da irmã.

Impaciente, List não aguardou a chegada do seu Filho mais velho. Decidiu ir buscá-lo à Escola. John Júnior estava num jogo de futebol. O Pai assistiu ao jogo e viu o entusiasmo do jovem a praticar o seu desporto favorito.

Foram juntos para casa.

O adolescente, de apenas 15 anos, entrou pela porta da cozinha, pousou o saco com o seu equipamento e o Pai, mais uma vez por trás, no auge da sua cobardia, deu-lhe um tiro na cabeça. O jovem não morreu de imediato. Caiu no chão enquanto se contorcia. List disparou mais 9 tiros, todos certeiros, no corpo do seu Filho de 15 anos. Moveu o seu corpo imóvel para junto do resto da Família.

John tinha a sua tarefa completa. Mais uma vez limpou o local do crime e sentou-se para jantar.

Na manhã seguinte, John preparou a sua fuga. Programou o termostato para 15º para evitar que os corpos se decompusessem rapidamente. Acendeu todas as luzes da casa e colocou o rádio na sua estação favorita de música clássica. Antes de abandonar a casa, List escreveu uma carta ao seu Pastor a explicar as razões dos seus tremendos actos.

Ainda em Novembro de 1971, a Escola de Patty (16 anos), John (15 anos) e Frederick (13 anos), recebeu uma carta por parte de John List a informar que a Família iria ausentar-se por umas semanas a fim de cuidar de um Familiar doente.

Durante este período, a mansão permaneceu sossegada ainda que de luzes acesas no seu interior. À medida que os dias e semanas foram passando, a vizinhança reparou que, uma a uma, as luzes iam sendo apagadas. Levantaram-se suspeitas e por isso a Polícia foi chamada ao local.

Por esta altura, a Família não era vista há cerca de 1 mês.

Não tendo conhecimento se a Mãe de John List acompanhara a Família na viagem, e vendo uma luz acesa no segundo andar, os Polícias, preocupados com o bem-estar da octogésima, entraram na mansão por uma janela destrancada. Depararam-se com o que parecia serem manchas de sangue no chão.

Enquanto ouviam música clássica a vir de uma das salas e, continuando a irromper pela casa, defrontaram-se com vários cadáveres dentro de sacos-cama com as caras cobertas.

Tratavam-se de Helen List, a Matriarca e os seus 3 Filhos adolescentes. Todos tinham sido alvejados na cabeça e, o menino do meio, John, apresentava vários ferimentos de bala. Foram, imediatamente, chamados reforços. Os agentes, sem saberem se o perpetrador ainda se encontrava na casa, continuaram as suas buscas a fim de encontrar John e a sua Mãe, Alma. Devido à dimensão da casa, só após 45 minutos da entrada pela janela, encontraram Alma, alvejada na cabeça e de cara tapada, no terceiro andar da residência.

Mãe de John List
Mãe de John List
Helena, Patty, Frederick e John Jr. List
Helena, Patty, Frederick e John Jr. List


No primeiro andar, no escritório da mansão, a Polícia encontrou uma carta de 5 páginas endereçada ao Pastor da Família, datada de 9 de Novembro de 1971.Tinham passado 4 semanas.

John List, nos seus escritos, assumiu a responsabilidade dos assassinatos. Explicou que tinha entrado em bancarrota e que tinha decidido poupar a sua Família a uma existência na pobreza.

"Pelo menos tenho a certeza de que agora todos estão no Céu" escreveu.

Terminou a carta com: "A minha Mãe está no corredor do sótão, 3º andar. Era demasiado pesada para a mover".

Com um assassino em massa a monte, a Polícia tomou todas as medidas para a sua captura. Dois dias após a descoberta dos cadáveres, encontraram a viatura de List, um Chevy Impala, no aeroporto internacional, JFK. Mas o homicida tinha um avanço de um mês sobre os investigadores.

Só quase 2 décadas depois voltaram a saber da existência de John.

Por essa altura, o homicida encontrava-se a mais de 3.000 km de distância. Tinha apanhado um comboio para a zona Oeste dos EUA. Instalou-se em Denver, Colorado, e mudou a sua identidade para Robbert Clark.

Começou a trabalhar no restaurante de um hotel como cozinheiro. Em 1985, já com o papel de Robert Clark entranhado e com as memórias da sua vida anterior praticamente apagadas, reiniciou a sua carreira como Contabilista e voltou a casar.

A Polícia, contudo, não tinha esquecido os assassinatos da Família List.

Com o FBI aliado, alguns agentes ainda comprometidos com o caso e outros mesmo obcecados, continuavam na procura por John List. Era realmente uma prioridade, ainda que 15 anos depois, encontrar o criminoso.

Ao longo dos anos, as Agências de investigação, receberam milhares de cartas com indicações acerca do paradeiro de List. Todas foram investigadas, porém, infrutíferas.

Em 1988 foi criado um programa de televisão, em parceria com as forças policiais, que chamou a atenção do público americano. Chamava-se "America's Most Wanted" e retratava criminosos fugitivos com as suas histórias e fotografias na esperança de dicas, por parte do público, acerca do paradeiro dos marginais. Contactados com a história da Família List, o programa recusou retratá-la. Os motivos passaram por ser um crime demasiado antigo. List, naquele ano, se ainda vivo, já tinha uma certa idade e ninguém o iria reconhecer. Ninguém deveria ter uma ideia da sua aparência. Seria um programa inútil, considerou a produção.

Cadáveres da Família List
Cadáveres da Família List
Carta de John List
Carta de John List


As autoridades não desistiram.

Descreveram os pormenores indecentes do crime à produção do programa, acabando por conseguir o aval no 18 de Abril de 1989.

Por esta altura, Robert Clark vivia em Richmond, Virgínia, com a sua segunda esposa, Dolores Miller. Tinha uma vida sossegada. Trabalhava como contabilista e, aos fins de semana, tratava do jardim e via televisão.

Era um enorme fã do programa "America's Most Wanted" e, apesar de ter noção que, eventualmente, a sua história poderia ser retratada, aliciava amigos e vizinhos a verem o programa. Em Maio do mesmo ano, a história da Família List apareceu na televisão. O programa durou 8 minutos.

Com poucas tecnologias na época, as autoridades contrataram um artista para envelhecer uma das fotografias de John. Estaria nos seus 40 anos na fotografia e era necessário chegar à sua aparência com cerca de 60 anos, 18 anos depois.

A imagem de John List apareceu no programa bem como a descrição da sua personalidade. Descreveram-no como um homem sereno com indumentárias formais devido às suas posições profissionais.

Depois do programa, a Polícia recebeu mais de 200 dicas. Uma delas veio de um vizinho de John List.

Os agentes dirigiram-se à residência Clark e explicaram a situação a Dolores, a sua Esposa na época. Indignada com as acusações, Dolores facultou a morada do emprego de Bob Clark, certa de que os Investigadores estavam redondamente enganados.

List, obviamente, negou ser John List mas as suas impressões digitais não deixaram margem para dúvida.

A Polícia da Virgínia, finalmente, prendeu o assassino no dia 1 de Junho de 1989, apenas 9 dias após a emissão do programa de televisão.

Um ano depois, em Tribunal, com nenhum dos lados a negar a autoria dos assassinatos, foi discutida a sua sanidade mental. John List foi condenado a 5 prisões perpétuas.

Após a sua condenação, numa entrevista, disse não se ter matado pois isso iria impedi-lo de juntar-se à sua Família no Céu, já que o suicídio é considerado pecado. John List morreu de pneumonia em 2008, numa prisão de Nova Jérsia.

Reconstrução de John List
Reconstrução de John List
John List
John List

Blobituário
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