Patrick Mackay

05/03/2024

Os sinais estavam lá. Uma das suas Professoras alertou para a possibilidade do rapaz se tornar um assassino mas os avisos foram ignorados. É um dos serial killers mais conhecidos da Grã-Bretanha que, após 45 anos de prisão, pode vir a ser libertado. É também conhecido por ser um dos prisioneiros que cumpre pena há mais tempo em Inglaterra.



As zonas londrinas de Chelsea e Knightsbridge foram sempre conhecidas pelas suas casas vitorianas, residentes prósperos, restaurantes e lojas de luxo. Eram zonas privilegiadas às quais nem toda a gente tinha acesso. Porém, nos anos 70, foram marcadas pelo aumento de crime. Assaltos a lojas, casas e pessoas, roubos de malas num simples passeio e agressões a idosos, estavam a tornar-se crimes vulgares nestas zonas. O sentimento de insegurança começava a crescer e a Polícia sabia que tinham um predador à solta.Mas a situação piorou. O predador passou de assaltante, a assaltante violento e, eventualmente, a assassino.

No início de 1974, Isabella Griffiths que habitava na Rua Cheyne Walk, com vista para o rio Tamisa, foi brutalmente atacada, estrangulada e, por fim, esfaqueada. O cadáver da idosa de 84 anos foi descoberto apenas quase 2 semanas após o crime. Não foram encontradas pistas forenses no local. As Autoridades chegaram apenas à conclusão que o assassino estabeleceu uma relação com a vítima e, assim que Isabella baixou a guarda, foi atacada sem qualquer piedade.
Depois de cometer este homicídio, o assassino encheu a pia da cozinha de loiça e de sapatos e ali permaneceu a observar o cenário.

Passaram-se 13 meses com roubos e assaltos continuados. Não existiu nenhuma detenção e, no dia 10 de Março de 1975, o predador voltou a matar.

Adele Price, uma residente em Lowndes Square, tinha sido atacada e morta na sua própria casa. O seu cadáver foi descoberto pela neta que, sem saber, tinha-se cruzado com o assassino nas redondezas da residência. Contudo, uma vez mais, não existiram pistas para o autor deste crime.
O homicida, após matar Adele, sentou-se numa cadeira a observar o corpo inerte. Acabou por adormecer no local, tendo saído da casa mais tarde do que tinha estabelecido. Sem saber, ainda se cruzou com a neta da sua vítima.

A Polícia e a população estavam preocupadas mas, sem pistas concretas ou provas forenses, não podiam avançar na investigação.


No dia 21 de Março de 1975, 11 dias após o homicídio de Adele, o Padre Anthony Crean, residente na calma localidade de Shorne, foi dado como desaparecido. Era um homem respeitado na sua comunidade, conhecido por ajudar os mais desfavorecidos. O seu fiel cão, um Jack Russell, tinha saído com o Padre para a volta matinal habitual. As freiras estranharam o retorno do cão sem o dono. O seu Jack estava sempre ao lado do Padre Crean.

A noite já tinha caído quando um dos Detectives estacionou a sua viatura à porta da residência do Padre. Foi então que ouviu os gritos pavorosos de uma das freiras. O Padre Crean, de 64 anos, encontrava-se sem vida na sua banheira. Tinha um casaco de lã vestido, umas galochas calçadas e, na cabeça, exibia um gorro. O seu corpo flutuava num misto de água e de sangue. Debaixo da escadaria da residência, as autoridades encontraram um machado coberto de sangue. Provavelmente, tratava-se da arma do crime. O cadáver do homem apresentava inúmeras profundas e enormes feridas e o seu crânio tinha sido esmagado pelas mãos do assassino. Era um cenário dantesco que exibia sinais de um frenesi e de uma raiva incontroláveis.
As notícias espalharam-se depressa pela comunidade. Os habitantes choraram pesarosamente pelo terrível final da vida de um homem conhecido como bondoso e altruísta.

Depois de matar o Padre e o colocar na banheira, o assassino encheu-a de água que se misturou com o sangue da vítima. Ali ficou mais de 1 hora a observar o corpo do homem a flutuar. Nas suas próprias palavras "tratou-se de uma linda, linda experiência".


O assassino estava a evoluir e a Polícia estava desesperada por prender o autor destes crimes horrendos antes que voltasse a atacar.

Dezoito meses antes do assassinato do Padre Crean, o homem tinha sido traído. Patrick Mackay, um jovem na casa dos 20 anos, tinha procurado a ajuda do Padre. Anthony Crean ajudou-o de bom grado mas, apesar da sua bondade, o jovem tinha-lhe roubado um cheque, forjado a sua assinatura e depositado o dinheiro na sua própria conta bancária.

Um dos Detectives, ao ter conhecimento do caso, foi atrás de Mackay. Dois dias após o assassinato do Padre, Mackay encontrava-se detido para ser questionado. Não tardou em assumir o homicídio mas Mackay não parou aí. O rol de assassinatos que tinha para contar era extenso e deixou todos os Detectives de queixo caído.


Patrick Mackay
Patrick Mackay

Patrick David Mackay nasceu no dia 25 de Setembro de 1952. Cresceu na cidade de Dartford, a 25 km de Londres, com os seus Pais e duas irmãs mais novas. Na escola, integrava a classe de crianças com necessidades especiais mas, na realidade, era só um nome bonito para crianças terrivelmente malcomportadas. Foi descrito por alguns dos seus pares como "um pequeno terrorista".

Marion, a sua Mãe, era natural da Guiana e o seu Pai, Harold, nascido na Escócia, era um homem extremamente traumatizado pela sua participação na Segunda Guerra Mundial. Contudo, ao contrário de vários homens com traumas de guerra que evitam falar do assunto, Harold contava inúmeras histórias aos seus Filhos. Falava de mortes, assassinatos, genocídios e explosões. Todos os cenários imagináveis numa guerra como foi aquela.

Harold tinha sido um contabilista aceitável mas, com o passar dos anos, tornou-se num alcoólico irremediável. Frequentemente depositava a sua violência na esposa e, essencialmente, no seu Filho mas sempre poupou as suas Filhas da sua brutalidade.

Foi nesta atmosfera de agressividade, principalmente física, que Patrick Mackay cresceu. E foi no seio desta hostilidade que também ele desenvolveu as suas características sádicas. Não tardou para dar o primeiro passo na crueldade para com animais. Arrancava as asas aos pássaros que conseguia apanhar ou torturava cães e gatos que fosse encontrando pelo caminho.

O seu estranho comportamento não passou despercebido, principalmente, na escola que frequentava. Segundo alguns colegas, por vezes, comportava-se de forma normal sendo então possível conviver com ele. Porém, de repente, fazia qualquer coisa para os chocar. Numa situação, ao passearem após as aulas, apanhou uma flor, urinou para dentro das suas pétalas e bebeu a sua própria urina. Após ver que tinha conseguido chocar os presentes, voltou à conversa anterior como se nada se tivesse passado. Noutras ocasiões, enquanto se encontrava em grupo a conversar, saía disparado a correr contra um colega mais fraco, derrubando-o ao chão. Depois, afasta-se à gargalhada, voltava para o grupo e continuava a conversar naturalmente.
Patrick tinha comportamentos erráticos e a sua perversidade estava em crescendo.

Numa manhã de 1962, Harold Mackay, despediu-se da sua Família antes de sair para o trabalho. As suas últimas palavras para o seu único Filho foram: "Não te esqueças de ser um bom menino". Pouco depois de sair de casa, Harold faleceu com um ataque cardíaco, provocado pelos seus problemas de alcoolismo e um coração fraco. A vida da Família era má mas, após a morte de Harold, piorou substancialmente.

Marion mudou a sua Família para Gravesend procurando um recomeço para si e para as suas Crianças, no entanto, os tempos vindouros não se verificaram melhores.

Patrick assumiu o papel do seu falecido Pai, espancando frequentemente a sua Mãe e as suas Irmãs. A Polícia era constantemente chamada à residência por distúrbios domésticos. Uma das Agentes afirmou ser chamada ao local cerca de 4 vezes por semana, tanto pelos vizinhos como por Marion. Também ela alertou as entidades acerca de Patrick. Alertou para os seus problemas de personalidade violenta e que especulava algo de muito grave durante a sua vivência.

Patrick chegou a ser institucionalizado algumas vezes na esperança de corrigir o seu comportamento. Extraordinariamente, Marion criava sempre um frenesi para recuperar o seu Filho. Ainda que Patrick mostrasse sinais de que o seu carácter acalmava durante a sua estadia nestas instituições, a sua Mãe lutava contra o sistema de forma a que o seu Filho regressasse para casa. Marion conseguia cumprir o objectivo mas, assim que Patrick regressava à residência da Família, o seu comportamento insano, repetia-se.

Entre os 12 e os 22 anos, Patrick Mackay entrou e saiu de instituições correccionais, escolas especiais, hospitais psiquiátricos e prisões, cerca de 18 vezes.

Tanto as autoridades como os psiquiatras com quem teve contacto, não sabiam o que fazer com o jovem já que a sua violência e perversão tendiam a escalar.

De torturas a animais, violência para com a sua Família e bullying constante contra colegas, Patrick Mackay escalou para fogo posto. Tentou incendiar uma igreja mas foi rapidamente apanhado.

Aos 15 anos, numa destas escolas de correcção, uma das suas Professoras apontou-o como um potencial assassino de mulheres. Mas, apesar deste prognóstico, foi-lhe permitido que voltasse para casa.

Um ano mais tarde, ao ser tratado num hospital psiquiátrico, um dos médicos descreveu-o como um psicopata possível assassino. Tinha um comportamento antissocial, sem apegos a nada ou ninguém e com falta de remorsos. Mais uma profecia.

Quando foi institucionalizado no Hospital Psiquiátrico Moss Side, a 16 km de Liverpool, exigiu que o tratassem por Franklin Bull Volts The First. Acrescentava que este nome ia estar no mesmo patamar de Adolf Hitler e ia ser tão ou mais lembrado que o fascista.

De facto, o jovem tinha desenvolvido um interesse bizarro pelas atrocidades dos Nazis e pelo regime de Hitler. Autofotografou-se com a cruz suástica num braço e apetrechou o seu quarto com símbolos e objectos nazis. Estava certo de ser 100% de raça ariana mas, obviamente, que tinha uma percentagem de raça negra já que Marion era natural da Guiana.

Os Detectives, após se lembrarem da sua existência e do episódio com o Padre Anthony Crean, não ficaram surpreendidos por ter sido o autor do crime. O que lhes fez cair o queixo foram todas as outras confissões que Mackay entretanto fez.

Em Julho de 1973, matou Heidi Mnilk, uma alemã de apenas 17 anos, que viajava de comboio em Inglaterra. Foi esfaqueada até à morte e o seu cadáver atirado para a linha do comboio.

Frank Goodman, de 62 anos, foi espancado até à morte. Era dono de uma tabacaria e assim que fechou a loja, foi atacado. Mackay assaltou o estabelecimento e deixou a sua vítima no chão a lutar pela sobrevivência. Frank Goodman padeceu aos ferimentos.

Mary Hynes, de 79 anos, foi assassinada em Hackney. O seu assassinato foi descrito pelo autor como "foi mais fácil que lavar as minhas meias".

Patrick Mackay roubou e assassinou maioritariamente idosas e isso, apesar da violência e pesar, fez algum sentido para a Polícia. Pessoas frágeis, sem grande hipótese de defesa. 

Em Janeiro de 1974, foi a vez de Stephanie Button e do seu Neto de 4 anos, em Hertfordshire. 

Uns dias depois, cruzou-se com um sem-abrigo que tossia gravemente. Atirou-o da ponte Hungerford abaixo descrevendo a cena como "agitou-se como um pássaro".

A Polícia soube que Patrick cometeu, pelo menos, 13 assassinatos. Isto, para além de todos os roubos e assaltos. Ainda assim, só conseguiram provar 3. O de Isabella Griffiths, de Adele Price e o do Padre Antonhy Crean.

Foi considerado culpado pelos 3 homicídios de forma culposa. Foi sentenciado a prisão perpétua com um mínimo de cumprimento de 20 anos.

Segundo o seu Advogado de Defesa, tal como alguns colegas de Escola anteriormente o tinham descrito, o comportamento de Patrick tanto era completamente normal como, a seguir, e sem pré-avisos, era errático. Em reuniões com o Advogado, de repente, começava a atirar-lhe livros e papéis e saía porta fora.

A sua equipa de Defesa alegou insanidade mental, no entanto, Patrick Mackay foi considerado um psicopata. Ou seja, Mackay tem um transtorno de personalidade e não um transtorno mental.


Desde 1995 que está apto para a liberdade condicional. No entanto, e apesar dos seus pedidos, tem-lhe sido sempre negada. Em 2017 passou para o regime de prisão aberta.


Patrick Mackay
Patrick Mackay

Blobituário
Os Crimes mais Horripilantes da História.
Algumas fotos podem estar sujeitas a direitos de autor.
Desenvolvido por Webnode Cookies
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora