Steve Wright

25/03/2024

Ipswich é uma cidade portuária de Inglaterra, no condado de Suffolk, situada nas margens do rio Orwell. No início do século XXI, contava com mais de uma centena de mulheres a trabalhar como prostitutas, devido ao crescente problema com as drogas. Tratavam-se de jovens viciadas e vulneráveis. Basicamente, eram presas fáceis para Steven Wright, o Estrangulador de Suffolk.

Anneli Alderton, Gemma Adams, Paula Clennel, Annette Nicholls e Tania Nicol
Anneli Alderton, Gemma Adams, Paula Clennel, Annette Nicholls e Tania Nicol

Foi no dia 1 de Novembro que a Mãe de Tania Nicol reportou o seu desaparecimento. Tania tinha apenas 19 anos. Duas semanas depois, no dia 15 de Novembro, foi Gemma Adams quem desapareceu. Tinha 25 anos à data.

Se as Autoridades consideraram que o desaparecimento de Nicol podia ter sido por autoiniciativa, um segundo desaparecimento fez tocar os alarmes. Ambas as mulheres eram prostitutas e passeavam-se pelas ruas da cidade durante a noite. Podiam ter um predador à solta.
Realmente tinham um assassino à solta e a Polícia estava a 3 vítimas mortais de o encontrar.


As ruas da cidade foram inundadas por patrulhas policiais. Foram feitas várias operações stop com o intuito de obter informações acerca das jovens desaparecidas. As autoridades questionaram mais de 2.000 pessoas. Porém, não existiram quaisquer pistas durante duas semanas.


No dia 2 de Dezembro de 2006, Travor Saunder patrulhava a zona de mato de Hintlesham. Tinham existido cheias nos dias anteriores e o agente foi mandado para o local para avaliar eventuais danos. Durante a sua inspecção, avistou algo que lhe parecia ser um manequim. Aproximou-se para retirar o mono da água. Afastou alguns destroços para conseguir retirar a boneca mas, quando lhe afastou o cabelo da cara, apercebeu-se da chocante realidade. Tratava-se uma jovem morta.
Foi nesse mesmo dia que as Autoridades obtiveram a confirmação da sua identidade. Tratava-se de Gemma Adams, desaparecida 2 semanas antes da descoberta.

A jovem tinha sido despedida da empresa onde trabalhava e, a fim de sustentar o seu vício e o do namorado, o casal não encontrou outra opção senão a prostituição. Foi o seu companheiro que, naquela noite, deixou Gemma na London Road. Combinaram que, mais tarde, a vinha buscar mas, perante a ausência de Gemma, o rapaz dirigiu-se à Polícia para reportar o seu desaparecimento.

O médico legista não conseguiu extrair ADN do cadáver ou concluir exactamente qual o motivo da morte de Gemma. Encontrava-se há muito tempo nas águas do rio que tinham destruído qualquer vestígio que pudesse ter sido deixado na altura do seu homicídio. 

Com a certeza de que tinham um assassino a monte e, desconfiados de que poderiam descobrir mais naquele pequeno rio, as Autoridades iniciaram as buscas na área. Começaram por Hintlesham rumo a Copdock, em direcção ao Rio Orwell. Seis dias após descobrirem Gemma, deram de caras com outro cadáver. Tratava-se de Tania Nicol.

Gemma Adams
Gemma Adams
Tania Nicol
Tania Nicol


Tania Nicol tinha desistido da escola e saído da casa dos seus Pais com apenas 16 anos. Trabalhou em bares e centros de massagem mas, quando o vício de heroína foi descoberto, a jovem ficou sem emprego. Sem outras formas de continuar a sustentar a sua dependência, Tania dedicou-se à prostituição. Ainda assim, conseguiu manter as aparências, sendo que a sua Família não fazia ideia de como ganhava a vida.
Foi no dia 30 de Outubro que foi vista pela última vez. Encontrava-se a apanhar um autocarro para a zona de prostituição da cidade.
Uma vez mais, a autópsia não conseguiu recolher quaisquer provas forenses.

Apesar da inexistência de pistas, as Autoridades sabiam tratar-se do mesmo assassino. O local onde os cadáveres tinham sido deixados, mostrava que se tratava de alguém metódico e organizado. Sabia que as chuvas da época e a água da ribeira conseguiam destruir quaisquer vestígios que, eventualmente, pudesse ter deixado.

As entrevistas a transeuntes continuaram. Algumas das prostitutas estiveram dispostas a falar, no entanto, as autoridades continuavam sem pistas.
Após visualizarem mais de 16 mil horas de imagens das câmaras de vigilância, surgiu o primeiro sinal.
Tania apareceu nas imagens, no dia 30 de Outubro, na Burlington Road. Foi vista a entrar para um carro de cor escura. Foi a última vez que Tania foi vista com vida. Porém, as imagens não eram nítidas o suficiente para conseguirem descobrir o condutor ou mesmo a matrícula da viatura.

As autoridades estavam cada vez mais frustradas. Apesar de todos os esforços, não existiam caminhos a seguir. Tinham, contudo, um conforto. Pelo menos, não tinham desaparecido mais mulheres das ruas da cidade. Pelo menos, até àquela data.

Mas este sossego durou pouco tempo.
No dia 10 de Dezembro, 2 dias após a descoberta do cadáver de Tania, mais um cadáver. Foi um camionista quem descobriu Anneli Alderton.
A jovem encontrava-se a 16km do centro da cidade, largada numa zona de mato. O assassino tinha-lhe dedicado algum tempo. Anneli estava nua, numa posição cruciforme, com os cabelos loiros puxados para trás, em forma de cone. Estava limpa, quase imaculada. Estava sem vida.


A segurança das ruas de Ipswich já tinha sido reforçada mas, ainda assim, houve mais uma vítima. A polícia avisou a comunidade, essencialmente, aquelas mulheres. Tinham que proteger-se. Não podiam continuar a exercer a actividade. Tinham que manter-se em casa.
Mas tratavam-se de mulheres desesperadas. Precisavam de dinheiro. Precisavam de ganhar a vida para sustentar-se. E aos seus Filhos. E aos seus vícios.
Não queriam as autoridades pelas ruas. Os polícias afugentavam-lhes a Clientela. A vida já era suficientemente dura, quanto mais, com Polícias sempre no seu encalço.


Anneli Alderton, de 24 anos, foi identificada através das suas tatuagens distintas.
Na altura da descoberta do seu corpo, não tinha sido ainda dada como desaparecida. Vivia em Colchester com o namorado mas disse-lhe que ia encontrar-se com a sua Mãe, em Harwich. Tinha presentes para a sua Mãe entregar ao seu Filho, ainda criança. Apesar do namorado ter estranhado a sua ausência, Anneli, por vezes, desaparecia durante 3 ou 4 dias, sem explicações. Jamais o rapaz pensou o pior daquela vez.

Anneli apareceu nas imagens de vigilância do comboio, na noite de 3 de Dezembro. Dirigiu-se de Harwich para Mannigtree e, posteriormente, apareceu nas imagens da zona de prostituição de Ipswich.

A autópsia de Anneli também não foi completamente conclusiva em relação à causa da sua morte. Porém, trouxe algumas novidades. Conseguiram detectar que se tinha tratado de obstrução das vias respiratórias. Podia ter sido por estrangulamento ou asfixia. Conseguiram também retirar pequenas amostras de ADN que não lhe pertenciam. Anneli estava grávida de 3 meses.


Foi no dia da descoberta do corpo de Anneli, 10 de Dezembro de 2006, que a Polícia fez um comunicado público de mais duas jovens desaparecidas. Tratavam-se de Paula Clenell e Annette Nicholls.

O desaparecimento de Paula Clennell, mãe de 3 meninas, foi dado pelo seu companheiro.
Seis dias antes, Paula tinha dado uma entrevista a um canal de televisão acerca do caso das raparigas desaparecidas. A mulher declarou que se mantinha nas ruas por dinheiro. Porém, assumiu estar mais atenta e observar bem os seus Clientes antes de entrar nos carros.

O seu cadáver foi descoberto no dia 12 de Dezembro. Um cidadão seguia pela estrada A14, perto de Levington, quando viu um cadáver a meia dúzia de metros da estrada. Era Paula, estendida numa zona de mato. Tinha sido mortalmente sufocada.

Em relação a Annette Nicholls, de 29 anos, foi a sua Mãe quem reportou o seu desaparecimento.
O seu cadáver foi descoberto logo a seguir ao de Paula. Um helicóptero que sobrevoava aquela zona, com o intuito de encontrar mais corpos, avistou o de Annette a poucos metros de Paula.
Também ela, à semelhança de Anneli, encontrava-se posicionada em forma de cruz. Não conseguiu descobrir-se a causa da sua morte mas conseguiram retirar pequenos vestígios de ADN alheios à mulher.

A Polícia estava assoberbada com os desaparecimentos das jovens e com as descobertas dos cadáveres. Aconteceu tudo num curto espaço de tempo. Não existiam pistas forenses, testemunhas, nada que pudesse colocar a Polícia no caminho certo. Para além disso, apenas sabiam a causa da morte de duas das raparigas. De algumas das vítimas, sabiam que tinha sido uma interferência com as vias respiratórias. Provavelmente, o mesmo método, ainda que sem garantias.
Tinham um serial killer na cidade. Estava mais ousado mas, diziam as estatísticas que, com o excesso de confiança, vinham os erros. E o assassino já tinha cometido o seu. Tinha sido descuidado ao largar os cadáveres naquele local, pois não tinha tido a prudência de colocar as jovens numa área que eliminasse as pistas forenses.

A Polícia não estava longe de descobrir o autor dos crimes. Tinham 600 pessoas a trabalhar no terreno, directa e indirectamente e mais 500 espalhadas pelo país. Tratava-se do caso que reuniu mais esforços no Leste de Inglaterra, desde que há registo.

Os investigadores tinham meia dúzia de nomes considerados suspeitos mas, existia um que teimava em aparecer. Tratava-se de Tom Stephens, um funcionário de um supermercado. Quando entrevistado, Tom assumiu conhecer todas as jovens que tinham aparecido mortas. Segundo ele, todas tinham estado na sua casa e sublinhou ainda não ter álibi para nenhum dos 5 desaparecimentos. Sem provas irrefutáveis contra Tom, a Polícia viu-se obrigada a libertá-lo. No entanto, não tardou para que a ciência mostrasse resultados.

Foi através dos cadáveres de Anneli e Annette Nicholls que as autoridades conseguiram retirar pequenas amostras de ADN. Quando colocados na base de dados nacional, foi o nome Steve Wright que surgiu.

O seu ADN estava na base de dados das Autoridades devido a uma acusação de roubo, em 2001, enquanto trabalhava como barman em Felixstowe.

Steve Wright foi detido no dia 19 de Dezembro de 2006, pelas 5h da manhã. Encontrava-se no seu apartamento a preparar-se para ir trabalhar quando as Autoridades o capturaram. Ficou chocado perante o aparato não tendo proferido palavra. Mesmo na Esquadra, durante o interrogatório, Wright permaneceu em silêncio.

As palavras do homem eram dispensáveis para a sua condenação. As autoridades não precisavam de uma confissão. Tinham provas irrefutáveis contra aquele homem mundano. No entanto, existem perguntas que ecoam sempre, sendo uma delas, porquê?

Steve Wright
Steve Wright
Anneli Alderton, Gemma Adams, Tania Nicol, Paula Clennel, Annette Nicholls
Anneli Alderton, Gemma Adams, Tania Nicol, Paula Clennel, Annette Nicholls
Quem era este homem e quais os acontecimentos que o levaram àquelas mortes?


Steve Wright nasceu no dia 24 de Abril de 1958, fruto do casamento entre Patrícia e Conrad. Patricia era uma enfermeira veterinária e Conrad, um Polícia da Royal Air Force. Foi o segundo de quatro Filhos.

Quando Steve tinha apenas 8 anos, Patricia abandonou o marido, deixando os Filhos para trás. Dois anos depois, Conrad refez a sua vida com Valerie Wright, que assumiu o papel de Mãe das 4 crianças.

Steve frequentou a Escola Secundária de Leiston mas, não tendo muito interesse pelos estudos, acabou por desistir, sem qualquer formação. Trabalhou como empregado de mesa no Hotel Brudenell, casou com uma moça local chamada Angela e, em 1980, ingressou como funcionário no cruzeiro QE2. Deixou a Esposa para trás. Depois de viajar pelo mundo inteiro, Steve regressou para junto de Angela mas, após o nascimento do Filho, o casal acabou por se divorciar.

Em 1988, mudou-se para Norwich para gerir um bar e foi aqui que casou pela segunda vez. Mais um casamento que não vingou.

No final dos anos 90, deixando o bar e a ex-mulher para trás, Steve mudou-se para Felixstowe começando a trabalhar nas docas da cidade. Por esta altura, já nos seus 40, tinha uma dívida de cerca de 48 mil euros e nenhuma mulher com quem partilhar a sua vida.
Entrando numa espiral de depressões, Steve Wright decidiu-se pelo suicídio. A sua primeira tentativa foi através de monóxido de carbono, trancando-se dentro de um carro, fechado numa garagem. Não deu resultado.

Continuando com a sua mente a decair, dedicou-se ao golfe. No ano 2000, assumiu bancarrota pessoal. Nesse mesmo ano, conheceu Pamela numa casa de bingo, uma mulher 10 anos mais velha, que veio a tornar-se sua companheira.

Mais tarde, começou a trabalhar como motorista numa empresa em Medlesham. 

No dia 1 de Outubro de 2006, Steve e Pamela mudaram-se de um apartamento perto da estação de comboios de Ipswich para o nr. 79 da London Road, no centro da cidade. 

Até então, o casal passava os serões em casa mas, por motivos profissionais, Pamela começou a ausentar-se durante a noite para trabalhar.

Foi no dia 30 de Outubro de 2006 que Wright colocou em prática os seus devaneios, decidindo ceifar a vida da sua primeira vítima.


Steve Wright
Steve Wright
Pamela, Companheira de Steve Wright
Pamela, Companheira de Steve Wright

No dia 22 de Fevereiro de 2008, Steve Wrigh foi considerado culpado pelos homicídios de Annette Nicholls, Gemma Adams, Anneli Alderton, Paula Clennell e Tania Nicol.
Foi sentenciado a prisão perpétua.


Blobituário
Os Crimes mais Horripilantes da História.
Algumas fotos podem estar sujeitas a direitos de autor.
Desenvolvido por Webnode Cookies
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora